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Foto do escritorAcolhida Universitária

Boas práticas para uma roda de conversa mediada por tecnologias digitais de informação e comunicação

Atualizado: 2 de set. de 2022


A fim de contribuir com outras iniciativas e com outras instituições que decidam ofertar um projeto semelhante ao Acolhida Universitária, partilhamos nossos aprendizados ao longo dessa jornada. O projeto Acolhida Universitária teve duração de um ano, contou com a colaboração de 41 organizadores, sendo três psicólogos, um terapeuta, e uma equipe de estudantes dos cursos de Administração, Medicina e Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso.

Ao longo do tempo, alguns aprendizados moldaram o modo de operar e a estrutura de recursos do projeto, de modo que tudo foi se acomodando conforme o projeto evoluía. A seguir partilhamos o que aprendemos:

Para que o projeto seja bem sucedido o primeiro passo é uma boa divulgação. A comunicação precisa chegar onde está o público-alvo do projeto. A divulgação em redes sociais é fundamental, assim como a escolha dos canais de comunicação mais utilizados pelo público-alvo. Para isso, é preciso conhecer os hábitos desse público.

A divulgação precisa facilitar o acesso do participante ao projeto. Para isso, é importante conter os links para inscrição e participação facilitados por um clique.

A comunicação deve fazer uso da linguagem utilizada pelo público-alvo, conscientes de que a divulgação deve envolver aqueles que a recebem para que se sintam motivados a participar. É bom lembrar que muitas pessoas possuem preconceito com relação à terapia, especialmente o público jovem. Sendo assim, esse é um mito importante a ser quebrado nas campanhas de divulgação.

Desde o preenchimento dos formulários com as informações pessoais, profissionais ou acadêmicas, a experiência do participante deve ser positiva. Se houver barreiras ou dificuldades, ele poderá se sentir desmotivado a participar.

É importante que o participante preencha dados a respeito da sua saúde física e mental, assim oferecerá aos organizadores do projeto a possibilidade de preparar melhor as sessões e acompanhar de maneira mais próxima e individualizada o participante. Esse projeto fez uso da escala Traço e Estado de Ansiedade (IDATE) para avaliação do nível de ansiedade e do Questionário de Qualidade de Vida SF-36.

Sugere-se que os participantes assinem um Termo de conduta e sigilo concordando com o respeito para com as falas dos outros participantes, assim como o sigilo de tudo o que for partilhado durante a roda de conversa, mantendo as informações socializadas restritas ao ambiente do projeto.

Recomenda-se que as rodas de conversa aconteçam uma vez por semana. Todavia, esse tempo pode ser determinado de acordo com o interesse e entusiasmo dos participantes e organizadores.

Os temas tratados devem ser novos a cada sessão. Isso contribui para despertar o interesse dos participantes e as chances de tratar dos assuntos que o afligem é maior.

A escolha da ferramenta digital que mediará as sessões é um elemento importante, pois deve ser interativa e de uso facilitado em smartphones e computadores. Sugerimos o aplicativo Jitsi que atendeu bem a todas as necessidades do projeto e foi sempre bem avaliado pela organização e pelos participantes.

Dentro da sala virtual é necessário o resguardo quanto o anonimato dos participantes. O uso de nicknames é uma boa alternativa para quem deseja não ser identificado.

O participante pode optar por abrir a câmeras ou não. Aqueles que desejarem mantê-la fechada devem ter seu direito respeitado.

Falar durante as sessões também é opcional. A pessoa pode participar somente como ouvinte. O participante não deve ser convocado a falar. A decisão de se expressar deve ser única e exclusiva do participante.

O papel do mediador é apresentar o tema, explanar o seu significado e os principais impactos sobre a vida das pessoas. Pesquisas, reportagens e materiais científicos podem ser utilizados para contextualizar o tema durante a apresentação.

Após a explanação inicial, os participantes são convidados a relatar como aquele tema influencia ou já impactou a sua vida.

Para auxiliar no processo inicial da conversa é importante que pessoas da própria equipe organizadora iniciem a conversa, apresentando seus relatos. Isso vai gerar uma conexão entre os fatos já ocorridos com os participantes, além de gerar a empatia necessária para que a roda de conversa flua de maneira harmônica, entusiasmada e propositiva.

Um recurso para evitar a sensação de vazio na sala de bate-papo, caso todos decidam manter as câmeras desligadas, é fazer uso de uma imagem de fundo com o tema do dia e as imagens relacionadas. Pode ser empregado o PowerPoint ou aplicativos semelhantes.

Para quebrar a frieza inicial, característica da sala virtual, é recomendado o uso de uma trilha sonora relaxante e ao mesmo tempo animada.

A fim de medir o nível de satisfação dos participantes e melhorar o projeto, é necessário que seja disponibilizado um formulário para avaliação da sessão. No questionário também podem ser avaliados o desempenho do mediador, e do próprio participante, com questões que permitam a autoavaliação.

Para que a produtividade seja mantida, o tempo ideal de duração da sala virtual é entre 60 e 90 minutos, considerando alterar esse tempo conforme a interação entre os participantes.

É importante que sejam registradas as atividades desenvolvidas em cada sessão, a fim de contribuir com a melhoria das práticas referentes à roda de conversa, assim como a qualidade da interação entre os participantes e avaliação geral para verificação se os objetivos das sessões estão sendo alcançados.

Por fim, vale ressaltar que é vital para esse tipo de projeto respeitar a dor do outro e evitar julgamentos. As vezes um determinado fato ou tema pode não ter o mesmo significado para as pessoas, e aquilo que parece insignificante para alguns, pode gerar sofrimento para outros. Portanto, respeitar as diferenças e as particularidades é fundamental.

Assim, como as pessoas são movidas por diferentes incentivos, também são transpassadas de maneira diferente pelos elementos e acontecimentos da vida.


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